Se retirarmos a arrogância do dub Jamaicano, juntar-mos um pouco da Soul de Memphis e mandarmos esta receita dar uma volta ao outro lado do mundo, o que volta? Uma bem fresquinha, Fat Freddy´s Drop. Mas a que sabe? Bem… Os Freddy´s nasceram no centro artístico de Wellington , Nova Zelândia, em 2001, conquistaram o mundo através da sua perfeita combinação de um Dub hipnótico com um Reggae de influências jamaicanas, um Soul futurista e ainda as essenciais pitadas de Jazz , Funk e Blues .
Em Maio de 2005 , apresentam-nos o seu primeiro álbum realizado em estúdio, “Based on a true story”, uma compilação polida de diversas músicas tocadas em concertos , algumas remontam a 1999, o nome do álbum é por sua vez uma referência a esse mesmo processo. O processo de produção foi puramente orgânico, todos os arranjos foram gravados e masterizados pelos sete músicos no estúdio. “Based on a true story “ é o primeiro álbum Neozelandês com distribuição independente a chegar ao primeiro lugar dos tops do país, ainda no mesmo ano ganhou o prémio Best Album nos New Zeland Music Awards e ainda permaneceu no top 40 do país por mais de 2 anos, por ultimo e para assegurar a genialidade do trabalho a BBC Worldwilde classificou este como o álbum do ano , transformando os Freddy´s na banda “kiwi” com maior reconhecimento mundial.
Uma noite na companhia da Madame True Story não é uma noite de grande agitação como acontece com o reggae mais clássico, é antes uma viagem instrumental e ambiental com passagens pelo Dub mais escorregadio, o Jazz menos improvisado, sempre guiada por um baixo que dá as coordenadas e os andamentos que a banda pretende. As suas faixas permitem que a voz de Joe Dukie se destaque e seja complementada por profundas basslines de dub. Cheia de buzinas funky e facadas nas teclas, por vezes deixando espaço para raros mas bem executados solos de guitarra.
Em Wandering Eye o primeiro single do álbum, cresce com um bassline envolvente e uma mística de acordes de guitarra ao mesmo tempo que a secção dos metais se intensifica. O coro abre com a magestosa vocalista Dallas Tamaira´s cantando “ I got the wandering eye”, á qual as trompas respondem na mesma onda. O álbum continua a ajudar a que tu e o sofá se tornem um só com “Ernie”, uma faixa de reggae surprendentemente acessível sem presunções ou estereótipos rastafaris. “Ray Ray” é provavelmente a faixa mais Chill/Lounge do álbum, combinada com uma forte batida electrónica e fascinantes capacidades vocais, só apetece pedir o gin tónico e esperar pelo pôr-do-Sol. E quando esse pôr-do-sol chega, “Roady” injecta o Soul e Funk no álbum, enquanto os FFD invocam “…do it for the love of music”, um engenhoso solo de trompete de Toby Laing acaba com a peça. O álbum despede-se com “Hope”, onde o bass e as teclas trabalham em conjunto com os vocais de Tamaira e a convidada de honra Hollie Smith de modo a engendrar uma atmosfera descontraída à qual os corpos respondem com balanços de ancas e batidas de pés que denunciam a hipnose deste álbum tão absorvente.
Este é o reggae sofisticado vindo do sul do Pacífico. |Inês Sampaio
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